sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Frente Nacional dos Torcedores organiza ato FORA RICARDO TEIXEIRA! Dia 01/10, sábado, às 10h no Largo da Alfândega em Florianópolis. Participe!


Somos a Frente do Torcedor

Por um futebol justo, democrático e popular, aqui estamos. Pela transparência nas instâncias esportivas, aqui lutamos. Pelo sentimento único e exclusivo de quem vive arquibancada, aqui nos entregamos.

Só quem vive de arquibancada sabe o que é ser torcedor. Só quem vive de arquibancada sabe o que é futebol-amor. A luta não vai parar. Ricardo Teixeira, o ditador nefasto do futebol nacional vai cair. E, com ele, outros muitos safados, canalhas, tiranos, também vão cair. Uma nova política para o futebol é o que propomos. Pelo resgate do futebol popular, afinal, o futebol é, foi, e sempre será do povo!

Do futebol, pensamos em uma nova sociedade. Do futebol, pensamos em uma vida mais justa. Do futebol, amamos a bola, a arquibancada. Somos a galera, somos a Frente do Torcedor. A Frente ampla que luta pelos direitos do Torcedor. A Frente, que não importa nada, sempre vai lutar pelo futebol de verdade.

O ódio ao futebol moderno está nos nossos olhos, e pela punição desse crime contra a humanidade, eternamente iremos nos manifestar. Não hesitaremos, não deixaremos um camarada na estrada, não vamos parar, não vamos desistir. Vamos ficar! Lutar, resistir, e vencer! Nem que para isso nossas vidas sejam entregues à luta. Do que vale uma vida sem ideal. E, do que vale a morte quando se morre lutando? A Frente é eterna porque o futebol é eterno, e sem torcedor não há futebol, e sem futebol não há vida.

Vamos Frente, vamos! Que o Teixeira, derrubamos...

Somos a Frente dos Torcedores, e lutaremos para sempre...



Torcedores Catarinenses,

Amanhã, sábado, 1º de Outubro, às 10hs, a Frente nacional dos Torcedores deve iniciar uma série de protestos contra Ricardo Teixeira em várias capitais brasileiras.

Em Florianópolis, não será diferente!

No Largo da Alfândega, estaremos lutando por democracia e justiça no futebol! Abaixo a ditadura de Teixeira!

Sem partido político, sem governo! A Frente marcha pelo futebol justo, democrático e popular. Pelo futebol do povo, pelo futebol da arquibancada! LEVE SEU CARTAZ OU FAIXA "FORA RICARDO TEIXEIRA - WWW.FRENTEDOSTORCEDORES.COM.BR"!

Fora Ricardo Teixeira!
Largo da Alfândega - amanhã - 1/10/2011 - 10hs - Florianópolis

Contato: Iara (48) 8461-1663 ou João (21) 8025-8627

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Chávez vs. Obama: Enfrentando as eleições presidenciais


Chávez vs. Obama: Enfrentando as eleições presidenciais
"Estímulo Capitalista" vs. "Recuperação econômica socialista"

por James Petras

Obama e Chávez. Dois presidentes em exercício candidatam-se à reeleição em 2012, Hugo Chávez na Venezuela e Barack Obama nos Estados Unidos. O que torna estas duas corridas eleitorais significativas é que representam duas respostas opostas à crise econômica global: Chávez, de acordo com o seu programa socialista democrático, continua a aplicar políticas de promoção de investimento público de larga escala e longo prazo nas áreas do emprego, do bem-estar social e do crescimento econômico; Obama, guiado pelo seu compromisso ideológico com o capitalismo financeiro das grandes empresas, despeja milhares de milhões de dólares no resgate dos especuladores da Wall Street, concentra-se na redução do déficit público e na redução de impostos, enquanto oferece subsídios governamentais às empresas na esperança de que os bancos voltem a emprestar e o sector privado volte a investir.

Obama espera que o sector privado comece a contratar os desempregados. A estratégia de Chávez dirige-se para um aumento da procura interna popular através do aumento dos salários sociais. A estratégia de Obama dirige-se para o enriquecimento da elite, contando com um efeito de gotejamento para a base da sociedade (trickle down effect). O programa de recuperação econômica de Chávez baseia-se no sector público, o estado, que toma a dianteira face às crises induzidas pelo mercado capitalista e à incapacidade de investimento do sector privado. O programa de recuperação de economia e do emprego de Obama depende inteiramente do sector privado, utilizando benefícios fiscais para estimular investimentos domésticos que possam gerar emprego.

De acordo com os especialistas e os politólogos, o desempenho socioeconômico de cada um dos Presidentes será decisivo para as suas reeleições em 2012.

Medindo o desempenho dos presidentes Chávez e Obama face à crise econômica

Durante os últimos três anos, ambos os presidentes enfrentaram crises só cio profundas, das quais resultaram um aumento do desemprego, uma recessão econômica e a exigência, por parte da população, de que a formulação de um programa de recuperação da economia fosse politicamente liderada.

O presidente Chávez respondeu a essa exigência através de um largo programa de investimento público em programas sociais. Milhares de milhões foram investidos num programa de urbanização destinado a construir um milhão de casas nos próximos anos. Chávez diminuiu as tensões militares e reduziu os conflitos fronteiriços negociando um acordo político com o regime de direita do colombiano Santos.

Chávez aumentou o salário mínimo, a segurança social e os pagamentos de pensões, aumentando assim o consumo das camadas de baixos rendimentos, estimulando a procura e aumentando o lucro das pequenas e médias empresas. O estado também iniciou projetos infraestruturais de grande porte, dos quais se destacam as auto-estradas e transportes em geral, criando assim emprego em atividades de grande intensidade. O governo Chávez manteve o nível de vida ao controlar os preços alimentares e de outros bens essenciais, o que beneficiou a procura popular em detrimento dos lucros dos donos dos supermercados. O governo Chávez nacionalizou minas de ouro lucrativas e repatriou as reservas ultramarinas de forma a poder financiar o seu programa de recuperação econômica baseado no aumento da procura, abstendo-se de dar benefícios fiscais aos ricos e de resgatar bancos falidos e empresas privadas.

Obama recusou todo e qualquer grande investimento público de longo prazo destinado a criar empregos: a sua proposta de "Empregos para a América" reduzirá temporariamente, na melhor das hipóteses, o desemprego em menos de 0,5%. Prosseguindo as políticas em favor dos acionistas da Wall Street, Obama envolveu-se profundamente na redução do déficit, ou seja, em cortes de grande amplitude ao nível da despesa pública, especialmente na sua vertente social. Obama, com o apoio da extrema-direita, concordou com as propostas regressivas de cortes nos impostos destinados a financiar a popular Medicare, a Medicaid e os programas da Segurança Social. A sua proposta de financiamento do programa "Empregos para a América" dependem dos cortes na taxa para a Segurança Social, o que garantidamente, resultará numa redução dos pagamentos e num déficit, ou pior, facilitará a privatização – oferecendo a Segurança Social à Wall Street, uma ameixa de três trilhões de dólares.

Obama ignora a execução das hipotecas de mais de 10 milhões de famílias – aumentando o número de sem-abrigo e a degradação da habitação – de forma a poder resgatar os bancos e as suas hipotecas fraudulentas.

Obama aumentou as despesas militares, multiplicou as tropas em combate no estrangeiro, as operações terroristas clandestinas e o aparato da espionagem interna, aumentando assim os déficits em detrimento de investimentos produtivos na educação, no desenvolvimento tecnológico e na promoção das exportações.

Ao contrário de Chávez, que indexou as pensões e os salários à inflação e reforçou o controlo dos preços, Obama congelou os salários federais e os pagamentos da Segurança Social, o que resultou num decréscimo de 7% do rendimento real ao longo dos últimos três anos.

Segundo os mais recentes dados do Instituto de Censos dos Estados Unidos (Setembro 2011), durante a presidência de Obama, 46,2 milhões de americanos são pobres, o maior número de sempre. O rendimento familiar médio caiu 2,3% entre 2009 e 2010. O número de americanos pobres aumentou de 13,2% em 2008 para 15,1% em 2010. Quase uma em cada quatro crianças vivia na pobreza em 2010, e mais de 2,6 milhões de cidadãos americanos caíram na pobreza num único ano. Por outro lado, e na linha da política econômica do gotejamento levada a cabo por Obama, o número de americanos ricos – que ganham mais de 100 mil dólares – sofreu pouco, ou nada: lojas especializadas no sector do luxo, como a Tiffany's, dão conta de um aumento de 15% nas vendas.

Os 10% mais pobres da população foram aqueles que sofreram mais, uma queda no rendimento de 12,1% entre 2009 e 2010, enquanto os 10% mais ricos viram o seu rendimento diminuir 1,5%. Dos 34 membros da OCDE, os Estados Unidos têm, juntamente com o México, o Chile e Israel, o maior índice de desigualdade entre as classes sociais. As políticas de estímulo "de cima para baixo" de Obama salvaram os banqueiros sacrificando a classe trabalhadora e a classe média.

As conseqüências político-econômicas do top down de Obama e do bottom up de Chávez são gritantes em todos os aspectos. A Venezuela cresceu 3,6% na primeira metade de 2011 enquanto os Estados Unidos estagnaram a menos de 2%. Ainda pior, durante a segunda metade do ano, Obama e os seus assessores confessaram temer que os Estados Unidos se estivessem a dirigir para um processo de recessão dupla intercalada por um período de recuperação, ou seja, para um repique recessivo (double dip recession). O Presidente do Banco Central Venezuelano, ao contrário, previu um crescimento acelerado em 2012.

Enquanto o desemprego norte-americano se mantém acima dos 9%, e mesmo a mais de 19% se combinado com o sub-emprego, na Venezuela, os vastos investimentos públicos feitos no sector imobiliário e em infraestruturas estão a gerar empregos e a diminuir o número de desemprego e sub-emprego no mercado de trabalho formal e informal. A condescendência de Obama para com os banqueiros da Wall Street e os falcões da redução do déficit, assim como o amplo aumento das despesas em guerras no estrangeiro e aparato securitário interno, levou à bancarrota do tesouro. Pelo contrário, Chávez nacionalizou o lucrativo sector privado das minas, dos bancos e das empresas de energia e diminuiu as tensões militares para aumentar as verbas dos programas sociais, tal como subsídios alimentares. As reduções do déficit de Obama levaram a despedimentos massivos no sector da educação e dos serviços sociais.

As despesas sociais de Chávez aumentaram o número de universidades públicas, de escolas básicas e secundárias e de hospitais. Milhões de pessoas perderam as suas casas e Obama ignorou os despejos forçados feitos pelos bancos de crédito, enquanto Chávez começou a resolver o problema da habitação com 1 milhão de novas casas.

Obama empresta dinheiro a custo zero a bancos privados que são incapazes de emprestar às empresas produtivas que criam emprego, preferindo especular em ativos estrangeiros (brasileiros) cujas taxas de juro são mais elevadas. Chávez investe diretamente em programas infraestruturais de trabalho intensivo, na auto-suficiência econômica e no desenvolvimento de centrais elétricas, refinarias e fundições.

Como resultado da sua estratégia econômica reacionária "de cima para baixo" e das ameaças públicas de cortes em programas sociais básicos como a Medicare, a Medicaid e a Segurança Social, a popularidade de Obama desceu de 80% para 40% ao longo dos últimos três anos e continua a descer. Para além disso, as suas políticas militaristas e pró Wall Street – que aprofundam e alargam as guerras e operações terroristas de Bush e Rumsfeld – viraram o cenário político americano ainda mais para a extrema-direita. Neste último trimestre de 2011, Obama parece vulnerável a uma derrota eleitoral.

O presidente Chávez, ao contrário, impulsionado pela recuperação econômica, baseada em programas positivos de expansão social e investimento público, viu a sua popularidade aumentar de 43% em Março de 2010 para 59,3% em 7 de Setembro de 2011. A oposição apoiada pelo Estados Unidos, está fragmentada, fraca e incapaz de contrariar a percepção esmagadoramente positiva que a população tem da urbanização e dos projetos infraestruturais que beneficiam os trabalhadores, as empresas de construção e os empreiteiros.

Chávez é vulnerável no que toca a questões de segurança, corrupção administrativa e ineficácia. Mas é visto como tendo dado passos importantes para corrigir estas áreas problemáticas. Polícias formados por uma nova academia fazem um policiamento de proximidade honesto e eficiente, o qual, nos projetos piloto, reduziu o crime violento em 60%. Esforços no que toca a acabar com a corrupção e a ineficácia burocrática estão ainda pendentes.

Conclusão

A comparação entre as presidências de Chávez e de Obama mostra-nos um contraste agudo entre um programa de recuperação da economia de "baixo para cima" (bottom up), socialista e informado e um programa fracassado de estímulo capitalista de "cima para baixo" (top down). Enquanto o público americano exprime a sua hostilidade face à pilhagem do tesouro por parte da banca privada, às ameaças do governo em relação ao que resta do sistema de segurança social, e à incapacidade de Obama no que toca à redução dos níveis, persistentemente elevados, de desemprego e sub-emprego, a popularidade de Chávez aumenta, juntamente com o otimismo de três quintos do eleitorado em relação ao seu mandato. Se o governo de Chávez prosseguir e aprofundar o seu programa de estímulos econômicos "de baixo para cima", se a economia continuar a crescer, e ele recuperar do cancro, é muito provável que obtenha em 2012 uma vitória esmagadora.

Pelo contrário, se Obama continuar a submeter-se aos interesses das grandes empresas e da elite financeira, enquanto corta e queima os programas sociais, continuará o seu caminho descendente rumo a uma bem merecida derrota e ao esquecimento.

A recuperação econômica da Venezuela através de programas sociais avançados é uma mensagem poderosa endereçada ao povo americano: existe uma alternativa às políticas econômicas de top down: chama-se socialismo democrático e o presidente Chávez é o seu defensor, que fala e trabalha para o povo, e que assim se opõe ao vigarista Obama que fala para o povo e trabalha para os ricos.

O original encontra-se em

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=26617 . Tradução de MQ.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info

domingo, 25 de setembro de 2011

Discurso na íntegra do Presidente da Autoridade Nacional Palestina durante a 66ª Assembléia-Geral da ONU.


Texto integral oficial do discurso do presidente Mahmoud Abbas na ONU em 23/9/2011

Sr. Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas,

Sr. Secretário-Geral das Nações Unidas,

Excelências, senhoras e senhores,

Antes de mais nada, eu gostaria de dar meus parabéns para o Sr. Nassir Abdulaziz Al-Nasser por ter aceitado a presidência da Assembleia para esta sessão, e lhe desejo todo sucesso.

Reafirmo hoje meus sinceros parabéns, em nome da Organização para a Libertação da Palestina e do povo palestino, para o governo e o povo do Sudão do Sul por sua merecida admissão como membro pleno das Nações Unidas, desejando-lhes progresso e prosperidade.

Felicito também o Secretário-Geral, Sr. Ban Ki-moon, por sua eleição para um novo mandato à frente da Organização das Nações Unidas. Essa renovação da confiança reflete o reconhecimento do mundo por seus esforços, o que fortaleceu o papel das Nações Unidas.

Excelências, senhoras e senhores,

A Questão Palestina está intrinsecamente relacionada com as Nações Unidas, por meio das resoluções aprovadas por seus diversos órgãos e agências e pelo papel essencial e elogiável da United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East [Agência das Nações Unidas de Ajuda Humanitária e Emprego para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio] - UNRWA - que representa a responsabilidade internacional em relação à situação dos refugiados palestinos, vítimas da Al-Nakba (catástrofe) de 1948. Aspiramos e buscamos um papel maior e mais eficaz para as Nações Unidas no que diz respeito ao trabalho para alcançar uma paz justa e abrangente em nossa região, que assegure os inalienáveis, legítimos direitos nacionais do povo palestino, tal como definido pelas resoluções de legislação internacional das Nações Unidas.

Excelências, senhoras e senhores,

Um ano atrás, nesta mesma época, líderes eminentes, neste salão, dirigiram os esforços de paz, estagnados em nossa região. Todos tinham grandes esperanças para uma nova rodada de negociações sobre o estatuto final, que começara no início de setembro em Washington, sob os auspícios diretos do presidente Barack Obama e com a participação do Quarteto, e com a participação do Egito e da Jordânia, para chegar a um acordo de paz em um ano. Entramos nessas negociações com corações abertos, ouvidos atentos e intenções sinceras, e estávamos prontos, com nossos documentos, artigos e propostas. Mas as negociações fracassaram apenas algumas semanas após seu lançamento.

Depois disso, não desistimos e mantivemos nossos esforços em relação a iniciativas e contatos. Ao longo do ano passado deixamos não deixamos de bater em nenhuma porta, tentamos todos os canais, tomamos todos os caminhos e abordamos todos os aspectos formais ou informais de influência e estatura. Consideramos, positivamente, as várias idéias e propostas e iniciativas apresentadas por muitos países e partidos. Mas todos esses esforços sinceros empreendidos pelas partes internacionais foram repetidamente destruídos pelas posições do governo israelense, que rapidamente acabou com as esperanças suscitadas pelo lançamento das negociações em setembro passado.

A questão central aqui é a recusa do governo israelense em comprometer-se com os termos de referência para as negociações, que se baseiam no direito internacional e nas resoluções das Nações Unidas, [governo] que freneticamente continua a intensificar a construção de colônias no território do Estado da Palestina.

As atividades relacionadas às colônias representam o núcleo da política de ocupação militar colonial das terras do povo palestino e toda a brutalidade da agressão e da discriminação racial contra o nosso povo que essa política acarreta. Essa política, que constitui uma violação do direito humanitário internacional e das resoluções das Nações Unidas, é a principal causa para o fracasso do processo de paz, o colapso de dezenas de oportunidades, e o enterro das grandes esperanças que surgiram quando da assinatura da Declaração de Princípios, em 1993, entre a Organização para a Libertação da Palestina e Israel, no sentido de alcançar uma paz justa que daria início a uma nova era em nossa região.

Os relatórios das missões das Nações Unidas, bem como de várias instituições israelenses e das sociedades civis, transmitem uma imagem terrível sobre o tamanho da campanha de colonização, da qual o governo israelense não hesita em se gabar e que continua a executar por meio do confisco sistemático de terras palestinas e da construção de milhares de unidades de novas colônias em diversas áreas da Cisjordânia, especialmente em Jerusalém oriental, e da construção acelerada do Muro de anexação, que consome grandes extensões da nossa terra, dividindo-a em ilhas separadas e isoladas e cantões, destruindo a vida familiar, as comunidades e os meios de subsistência de dezenas de milhares de famílias. A potência ocupante também continua a recusar licenças para nosso povo construir na Jerusalém oriental ocupada, ao mesmo tempo que intensifica sua campanha de décadas de demolição e confisco de casas, desalojando os proprietários e residentes palestinos no âmbito de uma política multifacetada de limpeza étnica destinada a empurrá-los para longe de sua pátria ancestral. Além disso, foram emitidas ordens para a expulsão de representantes eleitos da cidade de Jerusalém. A potência ocupante também continua a realizar escavações que ameaçam nossos lugares santos, e seus postos de controle militar [checkpoints, no original] impedem nossos cidadãos de ter acesso a suas mesquitas e igrejas, e continua a cercar a Cidade Santa com um círculo de colônias destinadas a separar a Cidade Santa do resto das cidades palestinas.

A ocupação corre contra o tempo para redesenhar as fronteiras de nossa terra, de acordo com o que quer, e para impor um fato consumado que muda a realidade e que está minando a possibilidade real da existência do Estado da Palestina.

Ao mesmo tempo, a potência ocupante continua a impor o seu bloqueio à Faixa de Gaza e a atingir alvo civis palestinos em assassinatos, ataques aéreos e bombardeios de artilharia, persistindo com a sua guerra de agressão de três anos atrás, em Gaza, que resultou na destruição maciça de casas, escolas, hospitais e mesquitas, e em milhares de mártires e feridos.

A potência ocupante também continua suas incursões em áreas da Autoridade Nacional Palestina por meio de ataques, prisões e assassinatos nos checkpoints. Nos últimos anos, as ações criminosas das milícias de colonos armados, que gozam da proteção especial do exército de ocupação, intensificou-se com a perpetração de ataques freqüentes contra nosso povo, tendo como alvo casas, escolas, universidades, mesquitas, campos, plantações e árvores. Apesar de nossas repetidas advertências, a potência ocupante não agiu para conter esses ataques, e nós a consideramos totalmente responsável pelos crimes dos colonos.

Estes são apenas alguns exemplos da política de ocupação colonial israelense, e essa política é responsável pelo fracasso continuado das sucessivas tentativas internacionais para salvar o processo de paz.

Essa política destruirá as chances de alcançar a solução de dois Estados, sobre a qual há consenso internacional, e aqui eu faço uma advertência em voz alta: a política de colonização ameaça também minar a estrutura da Autoridade Nacional Palestina e até mesmo acabar com sua existência.

Além disso, enfrentamos atualmente a imposição de novas condições, não apresentadas previamente, condições que vão transformar o conflito que grassa na nossa inflamada região num conflito religioso e numa ameaça para o futuro de um milhão e meio de palestinos cristãos e muçulmanos, cidadãos de Israel, tópico que rejeitamos; é-nos impossível aceitar ser arrastados [para esse conflito].

Todas essas ações, tomadas por Israel em nosso país, são unilaterais e não têm base em nenhum dos acordos anteriores. Na verdade, o que testemunhamos é uma aplicação seletiva dos acordos, destinada a perpetuar a ocupação. Israel reocupou as cidades da Cisjordânia por meio de uma ação unilateral, e restabeleceu a ocupação civil e militar por meio de uma ação unilateral, e é Israel que determina se um cidadão palestino tem ou não o direito de residir em qualquer parte do território palestino. E está confiscando nossa terra e nossa água e obstruindo nosso movimento, bem como a circulação de mercadorias. E é Israel que obstrui nosso destino. Tudo isso é unilateral.

Excelências, senhoras e senhores,

Em 1974, nosso falecido líder Yasser Arafat veio a esta sala e garantiu aos membros da Assembleia Geral a nossa busca afirmativa pela paz, pedindo que as Nações Unidas reconhecessem os direitos nacionais inalienáveis do povo palestino, afirmando: "Não deixe o ramo de oliveira cair de minha mão ".

Em 1988, o presidente Arafat novamente se dirigiu à Assembléia Geral, reunida em Genebra para ouvi-lo, e apresentou o programa de paz aprovado pelo Conselho Nacional Palestino na sessão realizada naquele ano na Argélia.

Quando adotamos esse programa, estávamos dando um passo doloroso e muito difícil para todos nós, especialmente para aqueles que, como eu, foram forçados a deixar suas casas e suas cidades e aldeias, levando apenas alguns dos nossos pertences, nossa dor, nossas lembranças e as chaves de nossas casas para os campos de exílio e para a diáspora da Nakba de 1948, uma das piores operações de desenraizamento, de destruição e de remoção de uma sociedade vibrante e coesa, que vinha contribuindo de modo pioneiro e protagonista no renascimento cultural, educacional e econômico do Oriente Médio árabe.

No entanto, porque acreditamos na paz e por causa de nossa convicção na legislação internacional, e porque tivemos a coragem de tomar decisões difíceis para o nosso povo, e na ausência absoluta de justiça, decidimos adotar o caminho da justiça relativa - justiça que é possível e que poderia corrigir parte da grave injustiça histórica cometida contra nosso povo. Assim, concordamos em estabelecer o Estado da Palestina em apenas 22% do território da Palestina histórica - em todo o território palestino ocupado por Israel em 1967.

Ao dar esse passo histórico, bem acolhido pelos Estados do mundo, fizemos uma enorme concessão a fim de alcançar um compromisso histórico que permitisse que a paz fosse feita na terra da paz.

Nos anos que se seguiram – a partir da Conferência de Madri e nas negociações de Washington que levaram ao acordo de Oslo, assinado há 18 anos no jardim da Casa Branca e relacionado com as cartas de reconhecimento mútuo entre a OLP e Israel –, perseveramos e tratamos de maneira positiva e responsável todos os esforços para a realização de um acordo de paz duradouro. No entanto, como dissemos antes, todas as iniciativas e conferências, cada nova rodada de negociações e cada movimento, foram destruídos na rocha do projeto israelense de expansão da colonização.

Excelências, senhoras e senhores,

Confirmo, em nome da Organização para a Libertação da Palestina, o único representante legítimo do povo palestino, que permanecerão assim até o fim do conflito, em todos os seus aspectos e até a resolução de todas as questões do estatuto final, os pontos seguintes:

1. O objetivo do povo palestino é o reconhecimento de seus ​​direitos nacionais inalienáveis em seu Estado independente da Palestina, com Jerusalém oriental como capital, em todas as terras da Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental e Faixa de Gaza – que Israel ocupou na guerra de junho de 1967 –, em conformidade com as resoluções de legislação internacional e com o reconhecimento de uma solução justa e acordada para a questão dos refugiados da Palestina, em conformidade com a Resolução 194, de acordo com o estipulado na Iniciativa Árabe de Paz, que apresentou a solução do consenso árabe para resolver o núcleo do conflito árabe-israelense e alcançar uma paz justa e abrangente. A isso aderimos e é isso que trabalhamos para alcançar. Alcançar a paz desejada também exige a libertação de prisioneiros políticos e detidos em prisões israelenses sem demora.

2. A OLP e o povo palestino aderiram à renúncia da violência e rejeitam e condenam o terrorismo em todas suas formas, especialmente o terrorismo de Estado, e aderiram a todos os acordos assinados entre a Organização de Libertação da Palestina e Israel.

3. Aderimos à opção de negociar uma solução duradoura para o conflito, de acordo com as resoluções da legislação internacional. Aqui, eu declaro que a Organização para a Libertação da Palestina está pronta para retornar imediatamente à mesa de negociações, baseada nos termos de referência adotados com base na legislação internacional e da cessação completa das atividades de colonização.

4. Nosso povo continuará sua resistência popular pacífica à ocupação israelense, bem como à colonização, às políticas de apartheid e à construção do muro de anexação racista, e recebem apoio por sua resistência, o que é compatível com o direito humanitário internacional e com as convenções internacionais, e contam com a ajuda de pacifistas de Israel e de todo o mundo, refletindo um exemplo impressionante, inspirador e corajoso da força desse povo indefeso, armado apenas com seus sonhos, coragem, esperança e palavras de ordem diante de balas, tanques, gás lacrimogêneo e buldôzeres.

5. Ao trazer nossa situação e nosso caso a este pódio internacional, confirmamos a nossa confiança na opção política e diplomática, confirmamos que não tomaremos medidas unilaterais.Nossos esforços não são destinados a isolar ou deslegitimar Israel; queremos ganhar legitimidade para a causa do povo da Palestina. Apenas visamos deslegitimar as atividades da colonização, da ocupação, do apartheid e a lógica da força implacável, e acreditamos que todos os países do mundo estão conosco a esse respeito.

Estou aqui para dizer, em nome do povo palestino e da Organização para a Libertação da Palestina: estendemos nossas mãos ao governo e ao povo israelense para construir a paz. Digo-lhes: vamos com urgência construir juntos um futuro para nossas crianças, em que elas possam desfrutar de liberdade, segurança e prosperidade. Vamos construir as pontes do diálogo em vez de checkpoints e muros de separação, e construir relações de cooperação com base na paridade e na equidade entre dois Estados vizinhos – Palestina e Israel – em vez de políticas de ocupação, colônias, guerra e eliminação do outro.

Excelências, senhoras e senhores,

Apesar do direito inquestionável de nosso povo à autodeterminação e à independência de nosso Estado, conforme estipulado nas resoluções internacionais, aceitamos, nos últimos anos, o engajamento no que parecia ser um teste da nossa dignidade, direito e elegibilidade. Nos dois últimos anos, nossa autoridade nacional implementou um programa de construção das instituições de nosso Estado. Apesar da situação extraordinária e dos obstáculos impostos pelos israelenses, lançamos um projeto sério e extenso, que incluiu a implementação de planos para aprimorar e fazer avançar o judiciário e o aparato para a manutenção da ordem e da segurança, para desenvolver os sistemas administrativo, financeiro e de supervisão, para atualizar o desempenho das instituições e aumentar a autossuficiência, para reduzir a necessidade de ajuda externa. Com o grato apoio dos países árabes e as doações de países amigos, uma série de grandes projetos de infraestrutura têm sido executados, com foco em vários aspectos do serviço, e com especial atenção às zonas rurais e marginalizadas.

Em meio a esse grande projeto nacional, temos reforçado o que, buscamos, sejam as características do nosso Estado: a preservação da segurança do cidadão e da ordem pública, para a promoção da autoridade judicial e do estado de direito; o fortalecimento do papel das mulheres por intermédio de legislação, leis e participação; a garantia à proteção das liberdades públicas e o fortalecimento do papel das instituições da sociedade civil; a institucionalização de regras e regulamentos para assegurar a responsabilidade e a transparência no trabalho de nossos ministérios e departamentos; o enraizamento dos pilares da democracia como base para a vida política palestina.

Quando a divisão atingiu a unidade, as pessoas e as instituições de nossa pátria, estávamos determinados a adotar o diálogo para a restauração da nossa unidade. Conseguimos, meses atrás, alcançar a reconciliação nacional e esperamos acelerar sua implementação nas próximas semanas. O pilar central dessa reconciliação foi que ela voltasse para o povo por intermédio de eleições legislativas e presidenciais em um ano, porque o Estado que queremos será um Estado caracterizado pelo império da lei, pelo exercício democrático e a proteção das liberdades e da igualdade de todos os cidadãos, sem discriminação, e a transferência de poder por meio das urnas.

Os relatórios emitidos recentemente pela Organização das Nações Unidas, pelo Banco Mundial, pelo Ad Hoc Liaison Committee (AHLC) e pelo Fundo Monetário Internacional confirmam e elogiam o que foi realizado, considerando-o um modelo notável e sem precedentes. A conclusão de consenso da AHLC, há poucos dias, descreveu o que foi realizado como uma "notável história de sucesso internacional" e confirmou a disposição do povo palestino e suas instituições para a independência imediata do Estado da Palestina.

Excelências, senhoras e senhores,

Não é mais possível corrigir o problema do bloqueio do horizonte das negociações de paz com os mesmos meios e métodos de insucesso repetidamente testados e comprovados nos últimos anos. A crise é muito profunda para ser negligenciada, e o mais perigoso são as tentativas de simplesmente contorná-la ou adiar sua explosão.

Não é nem possível, nem prático, nem aceitável retornar à negociação, como de costume, como se tudo estivesse bem. É inútil entrar em negociações sem parâmetros claros e na ausência de credibilidade e de um calendário específico. As negociações serão insignificantes enquanto o exército de ocupação continuar a consolidar a ocupação em vez de encerrá-la, e continuar a mudar a demografia de nosso país a fim de criar uma nova base sobre a qual alterar as fronteiras.

Excelências, senhoras e senhores,

Este é o momento da verdade e meu povo está esperando para ouvir a resposta do mundo. Ele permitirá que Israel continue com a ocupação, a única ocupação do planeta? Permitirá a Israel manter-se como um Estado acima da lei e da responsabilidade? Permitirá a Israel continuar rejeitando as resoluções do Conselho de Segurança, da Assembléia Geral das Nações Unidas, da Corte Internacional de Justiça e as posições da esmagadora maioria dos países do mundo?

Excelências, senhoras e senhores,

Estou diante de vocês hoje, [vindo] da Terra Santa, a terra da Palestina, a terra de mensagens divinas, da ascensão do Profeta Muhammad (que a paz esteja com Ele), o local de nascimento de Jesus Cristo (a paz esteja com Ele), para falar em nome do povo palestino, em sua pátria e na diáspora, para dizer, depois de 63 anos de sofrimento da Nakba em curso: basta. É tempo de o povo palestino ganhar sua liberdade e independência.

Chegou a hora de acabar com o sofrimento e a situação difícil de milhões de refugiados palestinos na pátria e na diáspora, alguns deles forçados a refugiar-se mais de uma vez em diferentes lugares do mundo, de acabar com seu deslocamento e de reconhecer os seus direitos.

Num tempo em que os povos árabes afirmam sua busca pela democracia – a Primavera Árabe –, a hora é agora para a Primavera Palestina, o tempo da independência.

Chegou a hora de nossos homens, de nossas mulheres e crianças terem uma vida normal, para que sejam capazes de dormir sem esperar pelo pior que o dia seguinte trará; para que as mães tenham certeza de que seus filhos voltarão para casa, sem medo de sofrer prisão, morte ou humilhação; para que os estudantes sejam capazes de ir para suas escolas e universidades sem checkpoints. Chegou o momento de as pessoas doentes serem capazes de chegar aos hospitais normalmente, e de nossos agricultores serem capazes de cuidar de sua boa terra sem medo de que a ocupação confisque seu terreno e sua água, aos quais o muro impede o acesso, ou o medo dos colonos, para os quais as colônias vêm sendo construídas em nosso território, e que arrancam e queimam oliveiras centenárias. O tempo chegou para os milhares de prisioneiros serem libertados das prisões, a fim de voltar a suas famílias e a seus filhos, para tomar parte na construção de sua pátria e da liberdade que sacrificaram.

Meu povo deseja exercer seu direito de desfrutar de uma vida normal, como o resto da humanidade. Eles acreditam naquilo que o grande poeta Mahmoud Darwish disse: Estar aqui, ficar aqui, permanente aqui, eterno aqui, e temos um objetivo, um, um: ser.

Excelências, senhoras e senhores,

Nós apreciamos e valorizamos profundamente as posições de todos os Estados que apoiaram a nossa luta e nossos direitos, e que reconheceram o Estado da Palestina na sequência da Declaração de Independência, em 1988, bem como os países que recentemente reconheceram o Estado da Palestina e aqueles que elevaram o nível de representação da Palestina nas suas capitais. Também saúdo o Secretário-Geral, que disse há poucos dias que o Estado palestino deveria ter sido estabelecido anos atrás.

Tenham a certeza de que esse apoio, para nosso povo, é mais valioso do que vocês possam imaginar, pois isso os faz sentir que alguém ouve suas narrativas e que sua tragédia, os horrores da Nakba e da ocupação, pelas quais tem sofrido tanto, não estão sendo ignorados. Isso reforça sua esperança, que deriva da crença de que a justiça é possível neste mundo.A perda de esperança é o inimigo mais feroz da paz e o desespero é o mais forte aliado do extremismo.

Digo: o tempo chegou para o meu povo corajoso e orgulhoso, depois de décadas de deslocamento, de ocupação colonial e de sofrimento incessante, viver como outros povos da terra, livre em uma pátria soberana e independente.

Excelências, senhoras e senhores,

Gostaria de informar que, antes de entregar esta declaração, submeti, na qualidade de Presidente do Estado da Palestina e Presidente do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, para o Sr. Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, o pedido de admissão da Palestina, com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Al-Quds Al-Sharif [Jerusalém oriental] como sua capital, como membro pleno das Nações Unidas.

Peço ao Sr. Secretário-Geral para agilizar a transmissão de nosso pedido ao Conselho de Segurança, e apelo aos ilustres membros do Conselho de Segurança a votar a favor da nossa adesão plena. Apelo também aos Estados que ainda não reconheceram o Estado da Palestina a fazê-lo.

Excelências, senhoras e senhores,

O apoio dos países do mundo a nosso esforço é uma vitória da verdade, da liberdade, da justiça, da lei e da legislação internacional, oferece um grande apoio para a opção de paz e aumenta as chances de sucesso das negociações.

Excelências, senhoras e senhores,

Seu apoio para o estabelecimento do Estado da Palestina e para sua admissão nas Nações Unidas como membro pleno é a maior contribuição para a paz na Terra Santa.

Agradeço a todos.

Tradução: Baby Siqueira Abrão

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A DÍVIDA É ILEGAL E IMORAL


A dívida é ilegal e imoral
Por Elaine Tavares - jornalista

22.09.2011 - No Brasil é assim: tudo pode ser adiado, menos o pagamento das dívidas externa e interna. E isso não é conversa de “esquerdista”. É coisa firmada na lei. Quem explica é Maria Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida. Segundo os estudos feitos pelo movimento que luta por uma auditoria, levantados desde as informações oficiais, só no ano de 2010 o orçamento nacional foi consumido em 44,93% (635 bilhões de reais) para pagamento de juros das dívidas. Isso significa que do bolo todo que o governo tem para gastar quase a metade já nasce morto. Da outra metade que resta para investimentos, o governo gasta apenas 2,89% com educação e 3,91 com saúde. Por conta disso, mais de 60% dos brasileiros não tem água tratada nem saneamento. Isso na sétima economia do mundo.

Diante desses números, Fatorelli mostra como e por que a dívida acaba consumindo o dinheiro que deveria servir para dar uma vida melhor à população. Segundo ela, a Constituição, no artigo 166, estabelece que um deputado só pode pedir aumento no orçamento se indicar de onde virão os recursos. Mas se o aumento do orçamento incidir sobre o pagamento do serviço da dívida isso não é necessário. “Isso configura claramente um privilégio e foi aprovado. Está lá, na Constituição”. Da mesma forma, a Lei de Diretrizes Orçamentárias define que o orçamento deve ser compatível com o superávit, assim como a famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal obriga os governantes a cortar gastos no social, mas não os dispensa do pagamento da dívida. Ou seja, a dívida sempre em primeiro lugar, pois, se o governante não pagar, vai preso. “Mas ninguém vai preso se as pessoas morrem nas portas dos hospitais, se as crianças não têm escola”.

Fatorelli explica que o privilégio para o pagamento da dívida segue no desenho das metas da inflação, diretriz de política monetária proposta pelo Fundo Monetário Nacional que é seguida a risca pelo governo brasileiro. Isso se expressou, por exemplo, na criação da taxa Selic, a qual boa parte da dívida esteve e está atrelada. Essa taxa sempre é elevada, cada vez que há um suposto perigo para os investidores. Isso significa que quem investe nos papéis da dívida nunca vai perder.

Conforme Maria Lúcia o governo trabalha com inverdades no que diz respeito à política monetária. Um exemplo é justamente esse de tornar necessário o aumento da taxa Selic para conter a inflação. “Isso não é verdade. Aumentar a taxa Selic não controla a inflação nos preços existentes, porque eles decorrem da privatização. A luz privatizada, a água privatizada, a saúde, etc. O aumento dessa taxa só serve aos que têm papéis da dívida”. Outra conversa furada é a de que o excesso de moeda provoque inflação. “A montanha de dólares que entra no país só acontece porque o próprio governo isenta as empresas multinacionais de imposto. Não é decorrente da circulação de mercadorias reais. É fruto do movimento virtual de papéis”.

A entrada de dinheiro se dá da seguinte forma. Nas operações de mercado aberto (bolsa) que hoje superam meio trilhão de reais, o Banco Central entrega títulos da dívida para os bancos e fica com os dólares. Nessas operações, o Banco Central – que em tese é o Estado brasileiro – só consegue amealhar prejuízos. Em 2009 foram 147 bilhões de prejuízos, em 2010, 50 bilhões e neste primeiro semestre de 2011 já foram 44 milhões. Por conta disso, Fatorelli insiste em dizer que os gestores do Estado são responsáveis sim por essa política que arrocha cada dia mais a vida do povo. Os bancos lucram e o povo é quem paga a conta.

Outra coisa que muito pouca gente sabe - porque a mídia não divulga – é que todo o lucro das empresas estatais é direcionado, por lei, para pagamento da dívida. O mesmo acontece com os recursos que os estados da federação pagam ao governo central. Toda e qualquer privatização que acontece carrega o valor da venda para pagamento da dívida, assim como os recursos que não são utilizados no orçamento também passam para o bolo do pagamento da dívida.

Maria Lúcia Fatorelli afirma que essa é uma estratégia de manutenção de poder e acumulação que não mudou sequer um centímetro com o governo de Lula ou Dilma. Os papéis da dívida rendendo 12% ao mês são o melhor negócio que alguém pode ter. Tanto que em 2010 houve um acréscimo de mais 12 bilionários no Brasil e desse número, oito são banqueiros. A lógica do pagamento da dívida garante risco zero aos investidores, que são os mesmos que financiam as campanhas eleitorais e patrocinam a mídia. Assim, tudo está ligado.

No meio dessa farra de dinheiro público indo para bolsos privados, há uma ilusória distribuição da riqueza. O governo acena com pequenos ganhos aos pobres, como é o caso da bolsa família. Vejam que esse programa consome apenas 12 bilhões ao ano, enquanto a dívida leva 635 bilhões. O governo também coloca como um grande avanço o acesso das classes C e D a produtos baratos e o acesso a crédito e financiamento. Mas na verdade, o que promove é o progressivo endividamento dessas pessoas. Por outro lado, o Brasil tem um modelo tributário que é um dos mais injustos e regressivos. “Quem ganha até dois salários mínimos tem uma carga tributária bem maior do que os demais trabalhadores. E os ricos, no geral, são isentos de imposto. Já os empresários são frequentemente presenteados com deduções generosas, inclusive sobre despesas fictícias, que nunca foram feitas, enquanto os trabalhadores não podem deduzir do imposto despesas reais como aluguel, remédios, óculos”.

A ilusão de que as contas estão boas também se dá na espalhafatosa decisão de pagar adiantado ao FMI, que trouxe dividendos políticos a Lula, mas acarretou em mais rombos aos cofres públicos, tirando dos gastos sociais para colocar no bolso dos banqueiros. Foi um resgate antecipado de títulos da dívida, feito com ágio de até 70%, para que não houvesse qualquer perda aos investidores.

Agora em 2011 o governo de Dilma Roussef iniciou anunciando o corte de 50 bilhões do orçamento, como um “ajuste necessário”. Faltou dizer, necessário para quem? Para os especuladores. Há que pagar a dívida. O Brasil consome um bilhão de reais por dia no pagamento da dívida. Fatorelli procurar dar uma visão concreta do que seria um bilhão. “Imaginem um apartamento, desses bem finos, que custa um milhão de reais. Um bilhão equivaleria a cem edifícios de 10 andares, sendo um apartamento por andar. É isso que sai do nosso país todos os dias”. Não é sem razão que enquanto os trabalhadores são massacrados e não recebem aumento salarial, os bancos tenham auferido um lucro de 70 bilhões de reais no ano passado. É a expressão concreta da regra do mundo capitalista: para que um seja rico, alguém tem de ser escravo.

Na verdade o processo da dívida externa e também da dívida interna deveria sofrer uma auditoria e é nessa luta que um grupo de pessoas anda já há algum tempo. Maria Lúcia Fatorelli foi membro da comissão que auditou as dívidas do Equador, quando o presidente Rafael Correa decidiu realmente saber como funcionava o rolo compressor e ilegal da dívida daquele país. Segundo ela, no Equador, comprovou-se que mais de 70% da dívida era ilegal, fruto de anos e anos de acordos espúrios e irresponsáveis, muito parecidos com os que foram feito no Brasil. Correa decidiu não pagar e 95% dos seus credores aceitaram a proposta sem alarde, pois sabiam que se fossem discutir na justiça internacional correriam o risco de ter de devolver muitos bilhões.

Hoje, no Brasil, uma auditoria provaria muitas ilegalidades e até crimes de lesa pátria. Como explicar, por exemplo, que se pague 12% ao mês aos investidores enquanto o Banco Central brasileiro aplica suas reservas em bancos estrangeiros, que pagam juros pífios? Como aceitar que o Banco Central acumule prejuízos enquanto encha as burras dos investidores dos papéis podres? Por isso que a tão falada crise não pode ser vista como uma mera crise financeira. Ela é social e ambiental, pois coloca o salvamento dos bancos acima até da vida do planeta.

Como funciona o esquema dos papéis podres

Há um mito de que no mundo capitalista quem manda no movimento das coisas é o mercado. Ele define tudo, preços, valor, tudo baseado na oferta e procura. Assim, em nome desse mito criou-se a concepção de desregulamentação do mercado. Ou seja, o estado não pode interferir nesse movimento. Assim, o mercado, que é bem espertinho, sem um equivalente concreto de riqueza decidiu criar os famosos papéis podres, ou ativos tóxicos, ou derivativos. E o que é isso? Bom, para entender há que se fazer um bom exercício de abstração. Imagine que a pessoa compra uma casa e ela vale um milhão. Aí a pessoa define que daqui a um ano ela estará valendo dois milhões, então vai ao mercado de ações e vende dois milhões em papéis. Desses dois milhões, apenas um tem valor real, está ali, consolidado em uma casa real. O outro milhão é fictício. Ele só existe no desejo. Imagine que venha um furacão e danifique a casa. Lá se vai aquele milhão em papel podre, e quem comprou esses papéis perde tudo que investiu. Foi mais ou menos isso que aconteceu na crise imobiliária estadunidense.

Agora imagine que os bancos fazem isso todos os dias. Eles jogam ações no mercado e não precisam provar que essas ações têm uma correspondência real. Os derivativos são nada mais nada menos do que apostas. O mercado sabe que é uma aposta, e para não perder ele estabelece um seguro. Assim, se acontecer dos derivativos virarem pó, eles não perdem nada. E quem é que paga para os bancos continuarem quebrando a vida real dos que investem nos papéis podres? Nós. Porque quando os bancos entram em risco de quebra, como aconteceu lá nos Estados Unidos, o Estado vai e socorre. Para se ter uma idéia, na crise, o banco central estadunidense chegou a repassar 16 trilhões de dólares para salvar os bancos da bancarrota. O que mostra que é uma falácia esse negócio de “mercado livre”. O mercado só é livre quando há lucros, quando há prejuízos quem paga a conta é povo.

Então, quando aparece na televisão a crise na Grécia, os protestos na Espanha, na Itália, Irlanda, França e mesmo no Brasil, já se pode saber que o que está acontecendo é exatamente isso. Os países estão se endividando para salvar investidores e pagar as dívidas que contraem nessa roda viva de papel podre. Assim, define Fatorelli, a crise no setor financeiro dos países é falsamente transformada em crise da dívida. E os países então colocam sob os ombros do povo o pagamento de suas “apostas” mal feitas ou ilegais.

No Brasil a dívida externa chega a 350 bilhões e a dívida interna aos 2,5 trilhões. A dívida bruta consome 70% do PIB e o governo paga os maiores juros do mundo. É uma festa interminável para os investidores mundiais, sem risco algum. O governo de FHC consumiu, só em juros, dois trilhões de reais, o governo Lula, 4,7 trilhões. Tudo o que se diz na televisão sobre os problemas que o estado tem com o orçamento é mentira. Há dinheiro suficiente, mas ele é usado para enriquecer, sem riscos, os investidores. Não bastasse isso, ao longo dos anos, as taxas de juros, que garantem os maiores lucros do mundo, são definidas por “especialistas”. Desse grupo que orienta os juros 51% são representantes dos bancos e 35% representam o sub-grupo de gestão de ativos. Ou seja, eles atuam em interesse próprio. Só isso já bastaria para se dar início a uma séria investigação sobre o tema da dívida. Porque da forma como tudo acontece, assoma claramente a intenção do prejuízo à nação. Vem daí a proposta de uma auditoria, aos moldes da que fez o Equador. Mas, para isso precisaria haver uma decisão política. Por que será que ela não acontece? É hora de a gente pensar...

Retirado de: http://www.iela.ufsc.br/?page=noticia&id=1822

terça-feira, 20 de setembro de 2011

CONVOCATÓRIA - REUNIÃO PREPARATÓRIA PARA ATO UNIFICADO CONTRA PRIVATIZAÇÕES EM SANTA CATARINA - QUARTA ÀS 19H - ESCOLA OTÍLIA CRUZ, COLONINHA, FLORIPA


CONVOCATÓRIA

A Associação de Moradores do Bairro Coloninha localizada na cidade/município de Florianópolis vem por meio deste ofício, convidar todas as associações, entidades, sindicatos, centrais sindicais, partidos, parlamentares, organizações civis de interesse público, movimentos sociais e civis para construirmos junto um ATO UNIFICADO em Santa Catarina contra as privatizações dos serviços públicos, como: saúde, educação, segurança, água e esgoto, energia, transportes, correios, etc.

Atualmente os Hospitais Públicos Estaduais estão sendo entregue, um a um, às Organizações Sociais privadas (OSs); escolas estão sendo fechadas; a CASAN está para ser privatizada, assim como, a CELESC, os correios, os aeroportos, entre outros serviços públicos. Precisamos nos mobilizar e fazer oposição às políticas de austeridade que transferem cada vez mais riquezas para os grandes grupos econômicos.

A fim de construirmos este Ato, convidamos a todos e a todas para uma reunião na próxima quarta-feira, dia 21 de setembro, às 19h, na Escola Otília Cruz, na Coloninha.

Cabe informar que a Escola Otília Cruz é símbolo de resistência, pois foi fechada para ser transformada em um presídio. No entanto, a comunidade ocupou-a e nela desenvolve projetos sociais, reuniões, debates, assembleias e luta para que volte a ser um espaço de educação.

Também informamos que desde março de 2011, temos nos reunido, toda quarta-feira, no mesmo horário e local, com outras entidades, pela reabertura do Hospital Florianópolis 100% público e gratuito e pela Escola Prof.ª Otília Cruz. onde participamos e apoiamos estes movimentos: a Associação dos Moradores do Estreito, a Associação Gente da Gente, a Associação Amigos do Estreito, Associação Ponta do Leal, o SindSaúde, o Sindprevs, o Sinergia, a Aprasc, o Sintraturb, o Sindpd, o Sindasp, o Sintrasem, a Csp-Conlutas, os Gabinetes do Dep. Est. Amauri Soares, da Dep. Est. Ângela Albino, do Dep. Est. Volnei Morastoni, do vereador Ricardo, entre outros.

Agradecemos pela atenção e contamos com a sua presença.

Cordialmente,

Associação de Moradores doBairro Coloninha

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Carta denuncia esquema de privatização da Casan!



"Carta denuncia esquema de privatização da Casan!"
Fonte: http://www.sintaema.org.br/noticias/carta-denuncia-esquema-de-privatizacao-da-casan-1172.html

Circula, desde o início desta semana, uma carta anônima, de autoria de um funcionária aposentada, com detalhes sobre as negociações entre o atual Governo do Estado e o Grupo Empresarial Odebrecht/Foz do Brasil, a respeito da venda da Casan.

A carta, enviada ao Deputado Federal Pedro Uczai (PT), relata que a Empresa Odebrecht entraria com R$ 2 milhões para a campanha do então candidato e, hoje Governador Raimundo Colombo, com o compromisso de que, se eleito, a Casan seria vendida ao Grupo.

Entre os impedimentos para efetuar a transação está a atual Emenda Parlamentar 54, aprovada em 2010 e de autoria de Uczai, que prevê a consulta popular em caso de alteração no controle acionário da Estatal.

Esta denúncia fortalece aquilo que, há muito tempo, o SINTAEMA-SC vem denunciado. Temos alertado a sociedade catarinense que a venda das ações da Casan, com a justificativa de falta de recursos para investimentos, nada mais é que um golpe. Por trás disso tudo está o interesse do capital privado e acordos eleitorais.

Vamos em frente com a luta em defesa da Casan pública, patrimônio de todos os catarinenses.

Leia a carta, na íntegra:
http://www.sintaema.org.br/novo/imagens_adm/documentos/carta-denuncia_2560.JPG


terça-feira, 6 de setembro de 2011

07 de setembro - A exploração do povo brasileiro através de perdas internacionais continua e a soberania nacional permanece sendo rasgada a cada dia.


Este dia 07 de setembro de 2011 marca mais uma passagem da data de Independência do Brasil. Porém, mais do que desfiles cívicos é um momento também de reflexão dos rumos do país e, principalmente, se esta comemorada independência do povo brasileiro existe mesmo de fato ou apenas enquanto ilusão.

Não pode haver independência plena de um povo sem a garantia da soberania nacional, de modo que desde 1822 o Brasil se mantêm no plano internacional como uma nação dependente de outros países e de grandes corporações econômicas.

Atualmente, o povo brasileiro permanece sendo explorado por perdas internacionais representadas de um lado pela remessa de lucros das multinacionais para seus países de origem e por outro pela manutenção do pagamento dos serviços da dívida pública que desvia dinheiro do país para os grandes bancos.

Para ilustrar esta realidade, distante da grande mídia e muito mais danosa que qualquer caso de corrupção localizada, vale a pena conferir o montante retirado do orçamento federal para pagar a dívida pública, dinheiro este que poderia erradicar a imensa desigualdade social do Brasil, proporcionando de forma universal os direitos sociais ao nosso povo.

Veja em: http://www.brasildefato.com.br/content/d%C3%ADvida-p%C3%BAblica-consumiu-7-trilh%C3%B5es-em-17-anos

Abaixo-assinado contra a privatização das ações da CASAN


Ao Governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo e aos Deputados Estaduais,

O Projeto de Lei 0236.8/2011 e a PEC 007.5/2011, que tramitam na Assembleia Legislativa, criam mecanismos para a privatização da Casan e da Celesc. A privatização eleva o valor das tarifas e não é sinônimo de qualidade do serviço. Vale lembrar que idêntica operação foi efetuada no Paraná quando venderam parte das ações da Sanepar. Os serviços ficaram mais caros e a qualidade caiu, o que levou o Governador seguinte, Roberto Requião, a classificá-la como um crime contra o erário público e recorrer aos tribunais para garantir a sua anulação.
Por isso, nós, cidadãos abaixo-assinados, domiciliados em Santa Catarina, solicitamos a retirada de pauta do Projeto de Lei 0236.8/2011 e da PEC 007.5/2011, para que não sejam causados mais prejuízos a sociedade catarinense.

Assine em:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N13917